A história de um edifício com história!

Mariana Caldeira Mariana Caldeira
Juncal Parish Hall, atelier Jordana Tomé Vitor Quaresma atelier Jordana Tomé Vitor Quaresma
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Embora a Homify 360º se dedique maioritariamente a apresentar-lhe projetos de habitação, hoje optámos por lhe apresentar um projeto diferente que em vez de se focar nas exigências dos proprietários procura responder a um conjunto bastante mais alargado de pessoas. Um projeto de remodelação e transformação do salão paroquial de uma pequena vila portuguesa, que procurou renovar a identidade de um espaço dedicado aos seus habitantes. 

A intervenção ficou a cargo da dupla de arquitectos Jordana Tomé e Vitor Quaresma – Atelier de Arquitectura, que tornaram esta obra uma das finalistas do Prémio Nacional de Reabilitação Urbana em 2015. O atelier formado em 2011, rapidamente consagrou a sua reputação devido à qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Fique a conhecer uma das obras que tem contribuído para o estabelecimentos destes dois jovens arquitetos numa transformação única sem intervenções dramáticas no espaço.

Lugar

Situado no Juncal, uma pequena vila do centro do país, o edifício encontra-se em frente ao largo principal da cidade assumindo um papel preponderante na vida pública do local. O largo de São Miguel, além de integrar o salão paroquial intervencionado, é também conformado pela Igreja de São Miguel, concentrando em volta de um único espaço público grande parte das valências fundamentais de qualquer vila. Na fachada posterior o edifício faz fronteira com as terras de hortas e pomares da freguesia. Sendo que este espaço desempenhou um papel crucial na vida social e cultural da comunidade do Juncal desde o início do século XX (infantário, local de refeições comunitárias, escola e sala de cinema e teatro), as diferentes apropriações deram origem a alterações sucessivas, que diminuíram a qualidade desta área. Em 2012, o edifício encontrava-se consideravelmente degradado, conduzindo à necessidade de uma recuperação e transformação.

Programa

O principal objetivo da intervenção era renovar o edifício e os espaços exteriores, criando áreas para atividades culturais e recreativas de acordo com as características da população local. Desta forma era necessário integrar duas salas multifuncionais, novas instalações sanitárias e ainda outros espaços mais pequenos de apoio às novas valências da junta de freguesia.

Intervenção

A intervenção desenvolvida pelos arquitetos procurou manter a estrutura espacial e construtiva do espaço original, recuperando e transformando a maioria dos acabamentos de acordo com o conforto contemporâneo. Sendo um edifício composto por dois pisos, a maioria das alterações ocorreram no piso subterrâneo e nos espaços exteriores. As áreas em cave foram transformadas de forma a conformar uma grande sala polivalente com áreas de apoio. 

Sala principal

Na sala principal de espectáculos foi totalmente mantida a identidade original do espaço, requalificando as características que influenciam o conforto e o ambiente desta área. As caixilharias e portas foram reconstruídas em madeira, o pavimento em soalho e o tecto em madeira pintada. A boca de cena foi alvo de uma reinterpretação capaz de preservar a memória do edifício, atualizando-a com algumas características mais modernas. Foi ainda integrada um nova bancada na plateia que otimiza o aproveitamento de espaço criando uma visibilidade única.

Cave

O novo espaço polivalente desenhado no piso subterrâneo foi acompanhado de uma nova iluminação natural que inunda esta área. De facto a excessiva compartimentação original, dificultava um aproveitamento real do espaço de acordo com as suas potencialidades. Além da integração de balneários e espaço para arrumação de apoio ao edifício, foi possível aumentar o pé direito multiplicando a qualidade espacial da sala polivalente.

Ampliação e exterior

A pequena ampliação a que o edifício foi sujeito permitiu estabelecer uma nova relação entre o interior e o exterior. Acomodando as instalações sanitárias e o bar foi possível transformar uma rampa original em dois novos espaços com relações distintas com o exterior. Um primeiro que se relaciona com o largo de São Miguel ao nível térreo e um segundo que se relaciona com o pátio desenhado à cota inferior. A ligação física entre estes dois espaços é conferida por um vão de escadas e a unificação por uma pérgola metálica que os cobre, criando sombreamento e proteção nos dias de chuva.

Público

O mais interessante deste projeto é a capacidade de transformar um espaço através de intervenções delicadas. A simplicidade com que os arquitetos desenharam o espaço só pode resultar de uma análise e compreensão extremamente cuidada da arquitectura original, recuperando a sua identidade. Naturalmente, destaca-se a tentativa de criar uma nova relação com a vila, estimulando o seu caráter público inerente à sua funcionalidade. O trabalho desenvolvido procurou tirar partido da sua localização central e criou um importante espaço de convívio para a comunidade.

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